terça-feira, 30 de junho de 2015

O sonho, o fracasso e a resposta

Na escola sempre fui uma boa aluna, com boas notas e sempre me preocupava com os meus colegas. No final do secundário tinha uma média muito boa e podia escolher muitas saídas profissionais. Ao entrar na faculdade, não escolhi a área em que tinha melhores notas  ou a área que tinha melhor saída profissional. Eu tinha gosto por tudo, queria saber um pouco de tudo e tinha um sonho. Lembro-me de escrever num caderno acerca dele: Eu queria unificar todo o conhecimento, queria compreender a linguagem de todas as ciências estudadas e chegar à essência, a tudo aquilo que é verdadeiramente essencial  e transformar o mundo à minha volta... Eu sabia que a Matemática era a linguagem de todas as ciências. estava disposta a dar o meu melhor. Então, entrei no Curso de matemática, ramo científico.

Quando nós temos um sonho, um desejo sincero do nosso coração, o Senhor dá-nos sempre a resposta ao longo da vida, na maior parte das vezes, não da forma que queremos mas sim da forma verdadeira.

Entrei no curso logo na primeira opção. Gostei da linguagem lógica, certinha de aplicar conhecimentos, mas o Senhor já nessa altura queria falar-me ao coração. Lembro-me de estudar muito, até cheguei a fazer gravações de matéria de Álgebra Linear para um colega invisual estudar. Vieram os primeiros exames e os seguintes e eu não conseguia passar. Fiz muito poucas cadeiras do curso, mas as que fiz tirei boas notas. Tudo me mostrava que ali não era  meu lugar e eu insistia em ficar, até fiquei doente e muito em baixo. Foi um tempo doloroso e de grande fracasso para mim.
As marcas do fracasso que senti nessa altura são hoje uma das fontes da minha força em tudo o que faço!

Tudo o que o Senhor permite é para nosso bem. Hoje, riu-me com o meu passado e digo: " Fui mesmo teimosa! Porque não mudei logo de curso?" Hoje também sei a resposta: " Se tivesse mudado de curso, talvez estivesse com uma boa carreira profissional e longe, longe dos caminhos de Deus... Talvez me sentisse cheia de orgulho pelo meu percurso e não precisasse de Deus! Talvez não tivesse sido mãe tão cedo, nem estaria com a família linda que tenho. O fracasso que senti foi a benção que eu precisava para salvar a minha alma!"

Mais ou menos nessa altura conheci o Serge, foi ele que me resgatou. Com o tempo comecei a ter as primeiras respostas ao meu sonho: a linguagem que nos leva a conhecer a essência de todas as coisas não se faz por meio da matemática ou da ciência, só há uma linguagem que nos leva a unificar tudo. Essa linguagem é o Amor, a força mais poderosa de todo o universo. A linguagem do amor entrou na minha vida pela comunhão e partilha com o Serge e com ele, os nossos filhos. Mas esse amor humano ainda era pequeno para unificar tudo. Aos pouquinhos Deus foi-me  chamando a conhecer um Amor ainda maior através da minha família e da maternidade, o Amor capaz de transformar e de romper fronteiras de espaço e tempo e de desafiar as leis da natureza e da matemática. O Amor de Deus, aquele Amor que não tem limites e nos quer unificar a todos num só corpo.  É a este Amor do próprio  Deus que temos que entregar toda a nossa vida acima de todas as coisas e dar-lhe o primeiro lugar...

Ajuda-nos, Senhor a sermos fiéis a este Amor! Sim, o Amor de Deus é a essência de todas as coisas!







segunda-feira, 29 de junho de 2015

O nosso quarto encontro de famílias em Proença-a-Nova/ Famílias de Caná

O dia esteve muito quente mas mais quentes estavam os nossos corações, apesar de obstáculos e contratempos estivemos juntos de novo! Já somos um núcleo de famílias comprometidas a caminhar na fé e sentimos todas que precisamos mesmo deste domingo por mês! Este encontro foi um pouco diferente dos anteriores: o Serge não pode estar presente, nem estiverem presentes os outros maridos, mas isso não foi impedimento de fazermos a nossa caminhada. Desde o último encontro, estamos a abordar a Bilha da Vida Sacramental e teremos mais alguns encontros sobre este tema, acompanhados com os ensinamentos do Padre Paco. 
O encontro começou com música e com as crianças no tapete. Depois, tivemos um ensinamento do Padre Paco. Tinha pensado em gravar o ensinamento e começar logo o trabalho com as crianças que tinha preparado, mas o Padre Paco sugeriu estarmos todos presentes. Ao canto da sala, distribui folhas brancas e canetas por todas as crianças, enquanto nós adultos, neste caso mães, formámos uma mesa redonda ouvindo o Padre Paco. Senti-me muito feliz e grata pela oportunidade de ele nos estar a acompanhar nesta caminhada. As crianças adoram-no, pois ele é muito brincalhão e bem disposto! Não consegui fotos pois enquanto as crianças faziam os seus desenhos, eu tentava ouvir o padre Paco com a Sofia no colo a mexer no meu caderno. Para a próxima, com a ajuda do Serge, tiro fotos durante o ensinamento e transcrevo um pouco o que foi falado.



Depois do ensinamento, fizemos então a atividade que tinha preparado para as crianças, mas desta fez, em família. 


Neste encontro, tinha preparado falar  do sacramento da reconciliação, da importância de limparmos o nosso coração e de o mantermos puro no nosso dia-a-dia. Comecei por contar a passagem Bíblica na qual Jesus instituiu este sacramento :

"Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.
E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
«queles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos."

João 20:19-23


Falámos do coração de cada um de nós, da preocupação de o manter puro e limpinho. Abordámos o que era o pecado, os gestos que deixam Jesus triste, que no fundo são os gestos que nos afastam de sermos felizes. E reforçamos que só há um "sabão" capaz de limpar o nosso coração do pecado, que é a força viva da presença do Senhor, através do sacramento da reconciliação. 

Para que os mais pequenos entendessem na prática fiz a seguinte    " magia",  que todos adoraram: peguei em três frascos de vidro idênticos e escrevi em cada um deles uma etiqueta: " O meu coração", noutro " Jesus" e no último " Pecado". No primeiro, enchi com um pouco de água; no segundo enchi com lixívia diluída transparente, à vista parece água; e no último enchi com água e alguma tintura de betadine (que se usa para desinfectar as feridas), a solução é castanha escura, de forma que no total todo o líquido ocupasse o espaço de um único frasco cheio.

O diálogo desenrolou-se mais ou menos desta forma:
-"Deus criou-nos com um coração limpinho e transparente, conseguem observá-lo aqui no frasco? O que acontece se não nos portamos bem? Se não ajudamos a mamã lá em casa, ou se magoamos os irmãos?" Nessa altura despejei um pouco do frasco do "Pecado" no frasco" O meu coração".
-" O nosso coração começa a ficar sujo!" responderam.
-" Sim, é verdade! Vocês acham que o pecado é mais forte que Jesus, acham que o pecado consegue manchar Jesus?" Nessa altura despejei um pouco de " Pecado" no frasco de " Jesus".
-" Oh! é magia, a água de Jesus fica igual, não fica manchada!"
-" Pois, não! O pecado não consegue fazer nada em Jesus. Jesus é mais forte e ele é o único que consegue limpar o nosso coração. querem ver?" Despejei do frasco de " Jesus" no frasco do "o meu coração" até ficar limpinho.
-" Oh!...ficou mesmo limpinho" 
-"É o que acontece no sacramento da reconciliação! Jesus é capaz de apagar o pecado" despejei um pouco do frasco "Jesus"  no frasco " Pecado" até ele ficar totalmente transparente e depois despejei todos os líquidos no frasco "Jesus". O resultado é um frasco com líquido transparante, como no início. Depois, disse:
-" Se o nosso coração estiver unido ao coração de Jesus, o pecado não consegue entrar! E estaremos cheios!"

Para trabalharem o perdão, imprimi uma ovelhinha em papel para colocarem no canto de oração. Na cabeça escrevemos o nome de cada um e no corpo colámos algodão para ficar mais branquinha, como deve ser o nosso coração.



Cada um fez o voto de colocar a sua ovelhinha perto de Jesus no canto de oração e sempre que se portassem mal, pegavam na ovelhinha e iam pedir desculpa à pessoa que tinham ofendido e a Jesus, depois voltavam a colocá-la junto de Jesus.

O nosso lanche partilhado...



Por fim, na nossa oração familiar na capela, cada um agradeceu o dia e colocou a sua ovelhinha diante do altar. Aqui estão só algumas...



Juntos rezamos a consagração a nossa Senhora Auxiliadora Mãe de Caná, em pouco tempo já saberemos todos a oração sem a ler! E o Shemá, é claro!

As crianças estavam ansiosas para que o padre Paco lhes mostrasse os animais. 








Há sempre novidades! Haviam tantos coelhinhos bebés !



Junto à cruz, a nossa foto!

A Paula lançou o desafio de ainda irmos à praia da Fróia, estava muito calor e as crianças queriam estar mais tempo juntas!
Eu estava super cansada.... mas como é importante entre famílias o espaço de convívio e partilha. Na minha cabeça vieram estes pensamentos: "Os núcleos de famílias que querem crescer na fé, na partilha e no testemunho serão a salvação da nossa sociedade. Os seus corações serão as bases transbordantes do Amor de Deus para o resto do mundo! Os encontros de família que hoje parecem tão insignificantes serão o futuro e uma realidade viva. Serão a salvação do casamento, da união da família, da abertura ao dom da vida e da confiança num futuro com esperança..." 

Sim, vamos! Mesmo cansada todos os momentos são poucos para construir esta realidade! Há tanta coisa para aprender.....



sábado, 27 de junho de 2015

Total consagração ao Senhor

Quando li o post da Teresa sobre a sua participação no Painel da Vida consagrada, lembrei-me de uma experiência muito forte que tive há uns anos atrás. Nessa altura, só tinha o Gabriel, ele era muito pequeno e era Verão. Numa conversa com o Serge,  partilhei o meu desejo de passar 2 ou 3 dias num convento nesse Verão, sentia um chamamento. Lembro-me que precisava de um tempo para parar e sentia-me cansada. Bom, eu podia não ter ligado a isso e continuar a minha vida com as minhas tarefas diárias, mas não. Apesar de não compreender muito bem, continuei. Voltei a falar do assunto algumas vezes e o Serge concordou. Não conhecia nenhum convento nem sabia se os conventos recebiam pessoas. Fiz uma pesquisa rápida para saber qual o convento mais perto da minha casa. O meu desejo interior era estar em silêncio diante do Santíssimo. Pouco tempo depois, cheguei aos dados das Irmãs Clarissas, do Mosteiro de Santa Clara e do Santíssimo Sacramento de Monte Real. Sim, era lá que eu tinha que estar, adorando o Senhor! 
Não sabia o que iria encontrar, não conhecia nada, apanhei um autocarro que me deixou perto do convento e sorridente entrei. 
Lá as irmãs vivem em Clausura e apenas era permitido falar com as irmãs que serviam as refeições. Permanentemente elas estão em adoração diante do Santíssimo. Foi muito marcante para mim!
Lembro-me de pensar: " Não vou desperdiçar esta oportunidade, vou passar o tempo todo que conseguir até me doer os joelhos diante do Senhor!"
No coro as Irmãs iam e vinham e estava sempre uma em adoração, assisti a todas as orações que faziam. Só saia para comer e até acho que chegava já bem depois da hora. Senti uma gratidão enorme por estar ali e na primeira oportunidade perguntei a uma irmã enquanto servia-me a refeição: " É possível falar com a Madre Superior?"
O tempo foi passando e ao avisar que iria embora, uma irmã muito querida chamou-me: " A Madre Superior quer falar consigo". Eu fiquei muito contente. Como eu queria agradecer do fundo do meu coração tudo aquilo que tinha vivido!

Já não me lembro muito bem as palavras certas do nosso diálogo. Ela ao perguntar o meu nome, disse-me que tinha reparado na minha presença em todas as orações e no meu desejo de estar com o Senhor. Perguntou-me o que eu sentia diante do Santíssimo aquele tempo todo e  como eu falava com o Senhor. Não me lembro muito bem da minha resposta mas lembro-me de lhe falar do silêncio, de me sentir vazia sem palavras, apenas ali presente. Eu queria estar dentro da hóstia no meu pensamento e coração. Depois perguntou-me: " A jovem não quer vir para o mosteiro e ser Clarissa?" e eu respondi-lhe com um grande sorriso: " Eu sou casada e tenho um filho." Nunca me vou esquecer da expressão do seu rosto, pois não estava à espera de tal resposta, pelo meu desejo de me unir ao Senhor. 

Sim, é possível sim, constituirmos família e vivermos a vida como uma total consagração ao Senhor, buscando-O acima de todas as coisas, adorando-O, levando-O às nossas crianças na simplicidade dos pequenos gestos de amor, na alegria e no conhecimento da palavra de Deus !








sexta-feira, 26 de junho de 2015

O pilar da família

Na correria do dia-a-dia, nas mil e umas tarefas na casa e com o cuidar dos filhos, faço um esforço para nunca me esquecer do pilar da nossa casa, o pilar através do qual o Senhor derrama e continuará a derramar graças sem fim para a nossa família. Podem vir grandes tempestades mas se o pilar é forte toda a casa estará protegida, abrigada e alegre. Pelo sacramento do matrimonio, a nossa família nasceu, cresceu e continuará a crescer para o amor. Este pilar do amor entre marido e mulher, precisa ser cuidado, precisa ser "regado" todos os dias com gestos, pequenos gestos de perdão, de escuta, de sacrifício.

O primeiro canto de oração da nossa família é o amor que habita no nosso coração de casal e isso os filhos reparam bem. 
Pensem sempre primeiro no outro, não durmam sem pedir e dar o perdão. Não coloquem os filhos à frente deste amor. O tempo é curto nesta vida para grandes gestos de amor... Aproveitemos ao máximo para amar e perdoar é nisto que consiste o ser feliz em família...

Cada família é Terra Santa, Altar sagrado do Senhor na terra. 

Quando rezo por uma família peço sempre primeiro pela união e amor entre marido e mulher, dou graças pelo sacramento do matrimonio. Sei que se o pilar caminha unido, tudo o resto corre bem.

Quando o Serge chega a casa, primeiro dá-me a mim um beijo e só depois dá aos mais pequenos enquanto diz: "A mamã primeiro!" 



quinta-feira, 25 de junho de 2015

Estar atento à voz de Deus

Das primeiras coisas que faço quando acordo, ainda deitada na cama é invocar o Espírito Santo e pergunto: "Espírito Santo o que vamos fazer juntos hoje? Se não fizermos as coisas juntos, vou-me perder de certeza!"
Quando os mais pequenos acordam lembro-os sempre de dizer : " Bom dia Jesus! Bom dia Nossa Senhora!"
Apesar de estar em casa e ser responsável pelas tarefas diárias que se repetem vezes sem conta, cada dia é único, cada dia recebo uma inspiração nova e aprendo muitas coisas. Nunca sei ao certo o que vai acontecer, não sou muito de fazer muitos projetos ou de planear as coisas com muita antecedência e mesmo quando tenho que planear, estou sempre atenta a tudo aquilo que vou recebendo no meu coração. Procuro estar atenta a tudo o que acontece e perceber o que realmente Deus quer que eu faça. Para mim uma das coisas que me traz felicidade no meu dia-a-dia é esta atitude que eu peço sempre em oração: " Esvazia-me Senhor em cada dia, ajuda-me a ser leve, ajuda-me a não  ser esmagada pelo peso das preocupações, a não querer saber tudo, nem a controlar tudo, ajuda-me a estar presente em cada instante Contigo, não deixes que eu Te perca de vista enquanto faço as minhas tarefas,  para que Tu venhas e possas me encher da Tua vontade, com os Teus planos para mim. "
 Durante o dia enquanto o Serge trabalha fora, nós trabalhamos em equipa lá em casa.Trabalhamos para um bem comum que é ajudarmo-nos mutuamente nas tarefas.O Gabriel e a Clarinha fazem uma boa equipa e até brincam quem é o primeiro a acabar de arrumar os brinquedos todos. Quando todos colaboram há tempo para dançar, para passear, para fazer os trabalhos manuais que eles gostam.
É uma alegria ter três filhos lá em casa! Há muita brincadeira ao longo do dia, muita alegria, muita conversa e muitas vezes barulho... As brincadeiras em casa vão acontecendo naturalmente. Eles ficam muitas vezes  a brincar sozinhos na sala enquanto eu estou na cozinha que é ao lado ou no piso de cima e o Gabriel fica encarregue de manter a ordem e ver se está tudo bem. Deixei de ser uma mãe galinha para passar a ser uma mãe radar. Eu explico melhor, deixei de estar sempre em cima deles a observá-los e passei a só estar atenta aos perigos. Fora de perigos como a estrada e outros possíveis acidentes, deixo-os à vontade para explorarem, brincarem e resolverem os seus problemas e desafios. O meu radar só não deteta situações como estas...


Mas eu alegro-me, pois todos os dias tenho novas oportunidades para dar umas gargalhadas!

Às vezes há cantos de oração por todo o lado...


Quando estão sozinhos a brincar a sua criatividade voa alto. A Clarinha esteve a brincar às Famílias de Caná imaginem...



O Gabriel fica horas e horas a construir aviões, barcos e a imaginar coisas novas para construir...



Mais tarde, encontrei os três a fazer uma festa: com umas tiras de papel brincaram e brincaram...
Como é possível darem pulos de alegria com uma coisa tão simples e tão banal? Cá em casa,  descobrem-se sempre novos brinquedos todos os dias....



Depois de arrumarem a sala toda, lá colocam os bonés e brincam na terra, andam de bicicleta. Hoje, ao visitarmos os patinhos da minha mãe levámos a máquina fotográfica para tirarmos uma fotos. Não estão muito lindos e crescidos?





 Às vezes, Deus chama-nos a visitar os outros, a sair do nosso conforto e a dar um pouco do nosso tempo para ser a presença de Deus...

" Meninas, estão prontas para sair?"




quarta-feira, 24 de junho de 2015

A oração de Ana

A oração de Ana, mãe de Samuel é a minha inspiração de como orar ao Senhor. Ana era estéril e vivia amargurada pois queria ter filhos.

Em 1 Samuel 1, 10-12:

" Ana, profundamente amargurada, orou ao Senhor e chorou copiosas lágrimas. E fez um voto, dizendo: ' Senhor do Universo, se te dignares olhar para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor, por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.' Ela repetiu muitas vezes a sua oração diante do Senhor"

Muitas pessoas repetem esta expressão: " Seja o que Deus quiser" no sentido de que não vale a pena pedir nada a Deus, ou " tanto faz", ou "Deus é capaz de ficar ofendido se eu lhe peço coisas". Não, Deus dirige sempre o Seu olhar para as almas que se incendeiam em pedidos de amor e se oferecem no seu pedido. Muitos têm problemas e dizem: ' Deus não me ouve nem se importa com o meu sofrimento.' Não é bem assim. Enquanto falarmos com Deus de uma forma morna ou pensando só em nós, eu não creio que estejamos realmente a orar. 

Ana era estéril. Ela tinha uma dor na alma, um desgosto por não ter filhos. Ela podia muito bem pensar assim: ' Eu sou estéril. Deus não quer que eu tenha filhos' e ficava por aqui. Mas não, Ana tinha a alma inflamada de fé, determinação, confiança. Ela não tinha uma alma morna, uma alma do " tanto faz", mas ela correu sem demora para o Senhor na sua aflição e derramou totalmente toda a sua alma  na Sua presença, ela rasgou o coração em lágrimas e fez um voto. Mesmo se o Senhor não a atendesse no pedido ela não hesitou e pensou: ' E se eu ficar com muitas expectativas e não acontecer?' Não, ela avançou confiante, pois o pedido que ela fazia o consagrava totalmente ao Senhor! 

Será que andamos a fazer pedidos a Deus para termos mais que os outros, para nos mostrar? Será que os nossos pedidos são realmente para nos fazer pessoas melhores, pessoas cheias de amor?

Ana não pediu um filho para se mostrar aos outros. Ela pediu um filho para dar honra e glória a Deus, pois o seu coração ardia pela maternidade e o ofereceu. E sabem, o que aconteceu? 
Por este gesto tão belo o Senhor deu-lhe a graça depois de Samuel de dar à luz mais três filhos e duas filhas! 

Eis o segredo: quando orarem ao Senhor pedindo o que quer que seja, consagrem tudo totalmente ao Senhor e não tenham medo. 

"Mas vamos pedir algo a Deus para depois Ele nos retirar de volta?"
Estamos tão apegados aquilo que pedimos que até temos medo que Deus nos tire se o consagrarmos a Ele. É precisamente o contrário! Consagrarmos as coisas, os filhos, a família a Deus é a segurança que nunca os vamos perder, servindo na terra para a Glória de Deus e depois se tudo é para Ele é Nele e para Ele que um dia estaremos juntos na eternidade...

Quais são os problemas que vocês estão a enfrentar? Aqueles que vos fazem sentir amargurados, com o coração apertado?
Vocês acham mesmo que já não vale mais apenas rezar por eles?
Para quem ou para quê correm sem demora em primeiro lugar quando têm uma aflição?

Será que os vossos pedidos são feitos com " copiosas lágrimas" ou são feitos com o pensamento: " se aconteceu, aconteceu, senão.. paciência"?
Será que estão dispostos a fazer um voto sincero com o Senhor, pelo vosso pedido? Ou não querem fazer nada e só esperam receber, receber...?
Quantas vezes já repetiram o pedido ao Senhor? Ana repetiu vezes sem conta...

Antes de acontecerem os encontros mensais das Famílias de Caná em Proença- a - Nova, eu lembro-me de fazer esta oração vezes sem conta:

" Querida mamã , Maria, eu não conheço famílias dispostas a estarem presentes para os encontros aqui em Proença, mas tu sabes o quanto é urgente ajudar e unir as famílias... Tu sabes o desânimo e os problemas que passam...Eu estou disposta a fazer os encontros de qualquer maneira, só preciso que sejas tu a convocar as famílias, tu conheces os seus corações melhor que eu. Leva-me até elas, eu só as quero levar ao Senhor."






terça-feira, 23 de junho de 2015

A meia perdida

Quem tem crianças em casa sabe o quanto elas sujam roupa. Nós vivemos numa aldeia, e as crianças adoram brincar na terra. Para juntar à festa os meus pequenos adoram comer fruta, e gostam sempre que é possível subir nas árvores ou no escadote para colhê-las. Já passou a época das cerejas, agora temos os pêssegos, este ano não são muitos, mas deliciosos! Falar de roupa lá em casa é sempre uma festa, pois constantemente faço máquinas, há sempre roupa no meu estendal! Os mais pequenos chamam carinhosamente ao monte de roupa lá em casa: "o monte Everest" e penso que não é preciso explicar o porquê. Ensinei-os a separar a sua roupa e a encontrar os pares de meias. A ajuda deles é preciosa para mim, poupa-me imenso tempo. Estava eu a encontrar os pares de meias do Serge quando me apercebi que faltava uma meia. Logo pedi ajuda:
- " Gabriel, falta o par desta meia, por favor tenta encontrá-lo. Onde ele pode estar? Será que caiu atrás do móvel ou foi a Sofia que pegou nele e o escondeu?" O Gabriel lá foi tentar encontrá-lo mas sem sucesso. 
-" Mamã"- disse-me- " procurei-o por todo o lado e não o encontro. É só um par de meia! Não é assim tão importante!"
-" Claro, que é importante Gabriel! Para esta meia que fica sem par faz toda a diferença pois ela fica sem utilidade... Ela não pode estar longe. Será que ficou no estendal, ou no chão lá fora? Não vou desistir até a encontrar! " 
Durante bastante tempo andei à procura da meia perdida enquanto fazia outras coisas ao mesmo tempo. Passado algum tempo, enquanto o Gabriel e a Clarinha estavam a brincar no quarto e a Sofia... bom, não me  lembro ao certo onde ela estava mas andava ali perto a brincar, olhei de baixo do móvel e lá estava a meia perdida! Eu sabia que a ia encontrar!

-" Alegrem-se comigo, encontrei a meia perdida!" gritei bem alto. Os três vieram logo ter comigo.
-" Vamos fazer uma festa! Encontrei a meia perdida!"

Ao sorrir para eles meditava no meu coração:" Às vezes também me sinto uma meia perdida, muitas vezes também tenho de ir à máquina para ser lavada e no "monte" de todas as pessoas à minha volta será que eu sei que sou importante ? Será que eu acredito que cada "meia", cada pessoa no mundo,  faz sim, muita diferença para que outras se salvem? para que outras queiram caminhar e mudar o mundo? 

Só há uma coisa que eu sei: Deus nunca vai desistir de me procurar se me perder, ele vai procurar-me com a certeza de que eu sou importante para Ele e vai alegrar-se muito cada vez que me encontrar. Não importa o número de vezes que isto acontecer, Ele fará sempre uma grande festa!



segunda-feira, 22 de junho de 2015

A salada de frutas

Cá em casa todos adoram fruta! A Sofia come pelos dois!
 Hoje no lanche preparei uma taça para cada um cheia de pedacinhos de fruta. Além da fruta da época e dos pêssegos que já estavam madurinhos na árvore juntei pedacinhos de manga e papaia. Mal se sentaram na mesa, mesmo antes da oração, a Clarinha começou logo a queixar-se que não queria comer. 
-" Não quero banana, e... não gosto de papaia!"- disse-me muito chateada. A Clarinha é a que fala mais de Jesus cá em casa e é aquela que mais gosta de falar em oferecer sacrifícios a Jesus mas também é aquela que é capaz de reagir mal e ficar chateada quando as coisas não correm como ela gosta.

Descobri uma arma poderosa capaz de tocar o seu coraçãozinho nesses momentos e voltá-lo para Deus. Desde que ela ouviu pela primeira vez o amor com que Jesus morreu na cruz por nós e o exemplo dos santos há um "click " dentro dela sempre que eu a lembro nesses momentos.

Muitas famílias se queixam que não sabem como lidar com os filhos, pois eles não lhe obedecem, não se portam bem. Pois aqui fica a minha dica: Não há nenhuma criança ( falo pela experiência da catequese) que fique indiferente aos exemplos e aventuras dos santos. As minhas crianças da catequese ficam de boca aberta a ouvir e perguntam: " A sério, catequista?!" Leiam, leiam muito acerca da vida dos santos e apliquem na educação dos vossos filhos e peçam a intersecção desse santo. Os mais pequenos não vão ficar indiferentes e verão muitas transformações nos seus comportamentos.

Ah, tenho uma notícia de esperança para vocês que dizem que os vossos filhos se portam mal!Gosto muito de ler a vida dos santos e por aquilo que tenho lido, uma grande parte dos santos na sua infância foram rebeldes e determinados! Anne de Guigné é um exemplo disso e morreu ainda criança.

Mal ela acabou de reagir porque não queria comer a papaia, olhei para ela e disse:

-" Sabes Clarinha, em África as crianças não têm estas frutas boas para comer e morrem porque não têm comidinha... Ah! Sabes, o que a amiga da mamã fez quando tinha 5 anos? quase a tua idade! O primeiro sacrifício, a primeira prenda que ela começou a oferecer a Jesus era esta: ela olhava para o prato que os tios lhe davam com a refeição e só comia aquilo que não gostava para oferecer a Jesus!.... fazemos o seguinte: comes dois pedaços de papaia e ofereces a Jesus!" ela olhou para mim pensativa e depois determinada disse:

-" Não mamã! Eu vou comer 6 pedaços grandes!"
-" Muito bem, Clarinha! Jesus vai ficar muito contente com a tua prenda mas primeiro vais até ao canto de oração e pedes desculpa a Jesus por teres reagido mal, ok?" Ela saltou do banco e até parecia outra e disse-me enquanto se dirigia para lá: 
-" Não podes ouvir a minha oração, mamã!" Depois voltou para o lugar e esforçando-se por ter cara alegre comeu tranquilamente.



A catequese em festa

Ontem a catequese da nossa paróquia esteve em festa! A paróquia de Cardigos onde ambos damos catequese tem poucas crianças e jovens e a festa, à excepção da primeira comunhão, ocorre numa única celebração para todos os anos.
Foi uma celebração muito bonita e os meus meninos do 6ºano fizeram a sua profissão de fé. Como os meus meninos estavam lindos!
O dia da festa da catequese lembra sempre a toda a comunidade que a paróquia tem vida! Há crianças e jovens que querem crescer na fé, que buscam saber o que deixa Jesus feliz, que querem ouvir as histórias da Bíblia e saber mais sobre a vida dos santos. É um pouco isso que eu passo na minha catequese. 
Este dia foi só um símbolo exterior para toda a comunidade do trabalho e dedicação que foi feito ao longo de todo o ano...


 


No final da celebração, o Padre Ilídio chamou todos os catequistas ao altar e agradeceu o seu trabalho e dedicação ao longo do ano.
Na verdade a catequese não acontece isolada numa paróquia, trabalhamos em equipa, caminhamos juntos: catequistas, sacerdotes e famílias. Tive oportunidade ainda em nome de todos os catequistas agradecer à equipa de sacerdotes da nossa paróquia que nos acompanha, que nos possibilita receber Jesus em cada Eucaristia e agradecer a todos por estarmos ali juntos...

Em cada criança, em cada jovem, em cada sorriso esconde-se o rosto de Cristo. Se estivermos atentos, todas as pessoas com quem nos cruzamos são as pessoas certas para nos mostrar a grandiosidade do amor de Deus. Deus esconde-se também nas pessoas que temos dificuldade em amar e espera de nós um sim. 
Sim! Eu quero amar todos como Tu nos amas, Senhor!

sábado, 20 de junho de 2015

A alegria e a falta dela

Quando comecei a ter maior comunhão com o Senhor e uma vida  de oração diária comecei a perceber claramente no meu dia-a-dia um sinal claro sempre que me afastava dos Seus caminhos....: a falta de alegria. Esta falta de alegria lá no fundo é falta de confiança em Deus e nos seus desígnios. Muitas pessoas nem ligam a este sinal, e acham que é normal. Toda a gente está acostumada a levar uma vida mais ou menos. Mas com o tempo vem o desânimo, a falta de paciência, o reclamar e ....uma bola de neve se segue. 
A alegria verdadeira é uma escolha, não depende se as coisas correm bem ou não, estarmos gratos diariamente por tudo e confiantes que Deus está a caminhar à nossa frente. Para mim a alegria é um assunto sério e não um mero pormenor. A alegria é um fruto do Espírito Santo ( Gálatas 5: 22-23).

É fácil com o cansaço, perder a alegria e viver o dia-a-dia a cumprir obrigações e não sorrir nas coisas simples que acontecem à nossa volta. Sempre que isso me acontece, recorro sem demora ao sacramento da reconciliação, pedindo a graça da confiança em Deus e da alegria para dar testemunho aos outros que quem ama o Senhor é alegre e uma nova força age em mim, a força do Espírito Santo...

Volto para casa e me alegro, pois quando estamos perto do Senhor, bem pertinho, podemos até estar a sofrer, o mundo estar de pernas para o ar, mas sentimos uma alegria, um preenchimento interior que nada nem ninguém pode ocupar, uma segurança, uma fortaleza, um sentimento que temos tudo, vivemos a expressão: 'Só Deus Basta!'. 
Quando o Senhor se faz presente em nós, muitas situações que consideramos boas ou más deixam de o ser e passam a ser neutras. Só desejamos manter esta união com Ele e estamos dispostos a arriscar tudo, a dar tudo para permanecer na Sua graça.

Volto para casa e sorrio novamente com o Senhor bem pertinho de mim, ao ver o gestos de amor da Sofia para com Jesus...


Consigo sentir a excitação e os pulinhos de alegria das crianças, só porque pusemos estrelinhas florescentes no teto do quarto...


Em tudo consigo ver o milagre do amor de Deus...




 E no dom da vida, o meu coração queima de alegria!



E até consigo dar umas boas gargalhadas sem me irritar com as traquinices da Sofia e lembrar-me de quando era criança e louvar a Deus...


-" Sofia..., outra vez a comer comida dos periquitos?!"




Consigo olhar ao fim do dia para as coisas que ficaram por fazer lá em casa e não me entristecer, agradecendo por todos os momentos bons que aconteceram. O meu coração permanece grande, muitas vezes até queima!


Quando escolhemos viver a vida enraizados na alegria, somos fortes! É o Senhor que nos guia! Somos fonte de inspiração para os outros e o rosto vivo do próprio Deus! 


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Juntos em família

As férias da escola chegaram e confesso que o meu coração se enche de alegria por ter os meus filhos juntos. Gosto muito de partilhar as minhas tarefas, alegrias e histórias com eles enquanto o dia acontece. O tempo está quente e lá fora há tanta coisa para descobrir, tanta coisa para aprender, tantas histórias para ouvir, tantos passeios para fazer. Podem não acreditar, mas muitas vezes é mais cansativo estar sozinha com a Sofia a realizar as minhas tarefas do que ter os três juntos. O Gabriel já me ajuda muito lá em casa e em três tempos arruma-me a sala. A Clarinha muitas vezes brinca com a Sofia e ajuda-a a sentar-se no bacio ( sim, ela está a aprender). A Sofia pede mais atenção se estiver só comigo, quando chegam os irmãos é uma festa! É claro, que muitas vezes também se chateiam uns com os outros, mas isso significa  mais oração lá em casa, pois logo são chamados a pedir perdão e a dar um beijinho. 
Este trabalho em equipa é fonte de alegria e crescimento para todos. Eu gosto muito de cuidar da minha família, acima de tudo estar junto dela e servi-la com amor nas pequenas coisas. É isto que me faz feliz, são as pequenas coisas, nelas encontro Deus.
Muitas coisas têm de ficar para trás todos os dias para fazermos o que realmente é essencial, nem sempre consigo arrumar tudo lá em casa ao fim do dia, mas para mim o essencial de cada dia é darmos tempo uns aos outros em família, é dividirmos tarefas, é estarmos presentes, é rezarmos juntos. 







quinta-feira, 11 de junho de 2015

É suficiente! Permanece na alegria...

Nossa senhora disse à Santa Mariam: " Lembra-te Mariam, para não seres como aquelas pessoas, para quem nunca é demais o que possuem! Diz sempre: ´ É suficiente!´ Permanece na alegria... O Senhor é bom e enviar-te-á  tudo o que necessitas." Nossa Senhora explicou-lhe que devia receber sempre tudo o que lhe acontecia como vindo da mão de Deus e dar graças por todas as coisas.

É muito fácil olhar para as outras famílias e dizer : " Se eu tivesse isto ou aquilo.... se eu fosse como eles eu estaria melhor!" e mais fácil ainda é reclamarmos da nossa vida daquilo que achamos que podia ser cortado e lançado fora. Nossa Senhora vem-nos dizer que tudo o que temos e nos acontece na nossa vida vem para nos fazer crescer no amor, para nos mostrar algo, nos mostrar o caminho que nos leva a viver tudo o que é verdadeiramente importante na vida, vem para nos mostrar a ser felizes, a nos santificar e unir a Jesus. 

Muitas vezes não é nada fácil pôr tudo isto em prática, mas digo-vos com toda a certeza que vale a pena caminhar nesta direção, pois é a única forma de sermos felizes, não falo de uma felicidade que acontece só quando as coisas correm bem mas falo de uma felicidade que permanece no nosso coração em todas as circunstâncias.

Se vivermos tudo aquilo que Deus nos dá sem reclamarmos mas acreditando que tudo o que temos é suficiente. Sim, suficiente para caminharmos e sermos felizes. Uma porta nova se abre, a porta da confiança em Deus e da paz...

Nos meus pequenos desafios do dia-a-dia, tento por isto em prática. A Sofia acabou de fazer um ano e meio, está muito linda, muito traquina, exploradora. Quem tem crianças desta idade sabe o que isso significa, trabalho. É muito fácil reclamar, e nos queixarmos. Mas será que resolve alguma coisa?Estar com ela 24horas e fazer as tarefas lá de casa é um ótimo desafio para treinar a paciência, para aprender a me alegrar com tudo e a repetir vezes sem conta o mesmo gesto de arrumar o que já estava desarrumado e aceitá-lo com alegria. É cansativo? É. Mas é uma fase que passa e os frutos desta aprendizagem para mim são eternos pois me têm ensinado a dar importância apenas àquilo que é importante, a me desapegar daquilo que é considerado bom ou mau e a ter o meu pensamento em Deus mesmo no meio do caos. Há tempo? Para Deus há sempre tempo. 



quarta-feira, 10 de junho de 2015

Adoração ao Santíssimo Sacramento

Como eu gosto de falar com o Senhor... Mais ainda de falar com o Senhor de olhos fixos no seu Corpo e Sangue oferecido por nós na Santíssima Hóstia. Gosto de falar com Ele abrindo todo o meu coração, rompendo todos os meus limites humanos do que eu sou capaz ou não. Falo com Ele como se já estivesse no céu, confiante que mesmo pecadora e imperfeita que sou, ainda trilhando o caminho, caindo e levantando, ainda me esforçando a amar um pouquinho mais como o Senhor amou, ainda neste corpo mortal, não duvido que o meu coração pode voar ao Seu lado...

 Uma vez por mês o grupo de oração à noite reza o terço diante do Santíssimo e louva o Senhor com muitos cânticos. Apesar de cansada e de ter de me levantar muito cedo no dia seguinte, não quis perder a oportunidade de ter este momento de adoração mais intimo com o Senhor, pois ultimamente com as crianças não é tão fácil.
Como desejo muitas graças do Senhor nesta fase da minha vida, sei que tenho de mergulhar bem fundo no Seu coração amoroso e visitá-Lo mais vezes no Santíssimo.

Enquanto conduzia até lá, só me lembrava da passagem bíblica dos dois discípulos no caminho de Emaús que dizia: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» ( Lc 24, 32) Era isto que eu sentia...

Diante do Senhor, não me lembro de ter tido uma conversa tão longa com Ele, acho que nunca tinha falado tanto com Ele como desta vez e prometi-Lhe tudo, tudo, desejava oferecer-Lhe tudo, como numa conversa de namorados em que prometemos mundos e fundos. No meu coração não havia limites nem de capacidade física, nem de espaço ou tempo.  Ao aperceber-me disso, disse-Lhe: "Senhor, talvez ainda seja como Pedro que disse que iria contigo até à morte e não teria medo, e depois Te negou três vezes... Sim, é possível isso acontecer não três, mas muitas vezes, mas não importa, eu sei que mesmo se isso acontecer muitas vezes, Tu virás perguntar-me de novo:" Rute, tu amas-me mais do que tudo?" Sim, eu sei que virás e eu responder-te-ei tantas vezes quantas as vezes que  Te negar : " Sim, Senhor Tu sabes que eu Te amo... "

Descobri que o Amor não tem limites e chega aonde o nosso coração chegar...
Porque o nosso coração não se abre diante do Senhor? 


Imagem tirada da net

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ele vem passear connosco pelas ruas e abençoar-nos...

- "Imaginem uma pessoa muito famosa, em todos os meios de comunicação social se ouve falar da vida dela. Sabemos a idade, onde mora, o que gosta de fazer, e até sabemos quem são os seus amigos e família... Contudo vocês nunca falaram ou estiveram pessoalmente com ela. Vocês acham que essa pessoa é importante na vossa vida ou a podem chamar amigo?" - Esta foi pergunta que fiz na catequese ontem aos meus meninos do 6º catecismo já no fim do nosso encontro. Eles foram unânimes e responderam:
- " Não, catequista."
- " Pois, bem. O mesmo acontece com Jesus na nossa vida. Podemos saber muitas coisas acerca Dele, ele até é uma pessoa muito famosa. Na catequese aprendemos muito acerca da vida Dele, mas se vocês não O visitarem, falarem com Ele, pedirem-Lhe ajuda, irem receber o alimento na Eucaristia para serem fortes, Ele nunca será uma pessoa importante na vossa vida..."
Nos minutos antes de terminar a catequese , ficámos ali a pensar em tudo aquilo que precisávamos fazer ao longo do nosso dia para termos esta proximidade e intimidade com Jesus.

-" Catequista, hoje não vou à procissão."- disse-me um dos meninos. Dou sempre catequese antes da missa e ontem, como se celebrou a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo na paróquia, tínhamos a procissão com o santíssimo nas ruas.

-"Imagina que tinhas uma amigo que estava sempre no quarto à espera que o fosses visitar pois ele não podia sair de lá. Só um dia por ano ele podia sair à rua e passear contigo. Tu ficarias em casa e deixavas-o sozinho? Tenho a certeza que não. Olha, Jesus, é esse amigo que se encontra o ano inteiro fechado no sacrário da nossa igreja por amor, para nos servir de alimento. Mas uma vez por ano, ele vem passear connosco pelas nossas ruas e abençoar-nos. Não é tão maravilhoso? Vem à rua, vem acompanhar o teu amigo..."  

Ontem o dia estava encoberto mas muito abafado e quente, no momento da procissão não havia um raio de sol.
Jesus lá estava connosco, caminhando ao nosso lado. as ruas estavam coloridas e perfumadas de pétalas de rosa e de outras flores da época.










A Clarinha fica sempre deliciada nas procissões, quis ir de mão dada com os anjinhos perto de Jesus  e no fim levou muitas rosas e flores para Jesus,  para deixar no nosso canto de oração.

No meio do percurso da procissão, o céu abriu-se e raios de luz intensos perfuraram as nuvens. Senti a benção de Deus sobre as nossas famílias e sobre todas as famílias de Caná espalhadas pelo país...